segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Dislexia pode ser descoberta antes da alfabetização

Cientistas do Children’s Hospital de Boston, EUA, em parceria com pesquisadores da Universidade de Harvard, descobriram que é possível detectar a dislexia - transtorno neurológico relacionado a dificuldades na fala, leitura e escrita - antes da alfabetização. A partir de imagens de ressonância magnética, eles analisaram a atividade cerebral das crianças e perceberam que há diferenças no processamento de informações. O grupo observado era formado por 36 estudantes da pré-escola, com idade média de 5 anos e meio. Eles precisaram responder a questões como: que palavras começam com o mesmo som? A partir da ressonância, os cientistas perceberam que o cérebro das crianças que poderiam ter dislexia apresentavam menor atividade em certas regiões do órgão.

Mas qual é a vantagem de se descobrir a dislexia mais cedo? Para os cientistas, o diagnóstico antes da alfabetização pode facilitar o tratamento. “Nós acreditamos que identificar a dislexia na pré-escola ou antes dela pode ajudar a reduzir os impactos sociais e psicológicos”, explica Nora Raschle, líder da pesquisa. A educadora e psicanalista Nívea Fabrício, diretora do Colégio Graphein, em São Paulo, que é especializado em atender crianças com necessidades especiais, concorda. “A identificação real do problema neurológico permite que os pais e os professores montem um projeto de adaptação”, explica. E tem mais: os chamados problemas secundários, como angústia, ansiedade e alterações comportamentais, também podem ser evitados.

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Sinais e tratamento

Fique atento aos sinais que seu filho apresenta: falar tardiamente, ter problemas em pronunciar determinados fonemas, não identificar rimas em músicas, demonstrar falta de coordenação motora, não ser capaz de resolver quebra-cabeças, desinteressar-se por livros impressos, entre outros. É claro que manifestar alguns desses sintomas não significa que seu filho seja disléxico, mas serve como alerta para procurar ajuda de um profissional. “O acompanhamento de neurologistas, psicólogos, psicopedagogos e fonoaudiólogos é importante. Mas o fundamental é o trabalho escolar”, diz Nivea.

A escola deve estar preparada para receber alunos com dislexia. “Isso significa ter um planejamento exclusivo para essa criança de acordo com suas necessidades”, cita a psicanalista. Turmas pequenas são um ponto a favor da instituição de ensino – o professor estará mais disponível para acompanhar cada aluno.


A autoestima de quem tem dislexia costuma ser bastante sensível. “Não entendi!” “Não sou capaz!” Elas podem fazer essas exclamações quando sentirem dificuldades no desenvolvimento da linguagem. Infelizmente, é comum que sejam taxadas de preguiçosas, conta a diretora. Por isso, é importante que se sintam capazes, integrem-se e percebam que podem atingir seus objetivos. É aí que o acompanhamento psicológico vai fazer muita diferença para a vida dessas crianças.

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