Na petição pública feita pelos alunos, eles afirmam: 'Informamos que o professor Cloves Saraiva vem sistematicamente agredindo nosso colega de turma Nuhu Ayuba humilhando-o na frente de todos os alunos.
Na entrega da primeira nota o professor não anunciou a de nenhum outro aluno, apenas a de Nuhu, bradando em voz alta que 'tirou uma péssima nota'. Por mais de uma vez o professor interpelou nosso colega dizendo que deveria 'voltar à África' e que deveria 'clarear a sua cor'.
Em um outro trabalho de sala o professor não corrigiu se limitando a rasurar com a inscrição 'Está tudo errado' e ainda faz chacota com a pronúncia do nome do colega relacionando com o palavrão 'No c.'; disse que o colega é péssimo aluno por que 'somos de mundos diferentes' e que 'aqui, diferente da África, somos civilizados' inclusive perguntando 'Com quantas onças já brigou na África?'.
Nuhu não retruca nenhuma das agressões e está psicologicamente abalado, motivo pelo qual solicitamos que esta instituição tome as providências que a lei requer para o caso'.
O reitor Natalino Salgado afirmou que 'é lamentável a ocorrência de fatos dessa natureza em qualquer instância pedagógica, ainda mais em uma universidade pública, como a UFMA', e que, segundo ele, 'vivencia dias de grandes conquistas no processo de inclusão social e de acordos internacionais que favorecem a mobilidade estudantil, assim como a docente'. 'Temos pautado nosso trabalho no respeito e na dignidade humana; e não partilharemos de atitudes que se caracterizem em retrocesso e vergonha para a nossa sociedade.
Os estrangeiros, assim como todos os outros estudantes, têm o nosso apreço e respeito. Vamos continuar honrando os acordos educacionais e culturais assumidos pela Universidade e pelo Governo Brasileiro com outros países', disse.
Segundo ainda nota divulgada pela reitoria, 'a UFMA disponibiliza anualmente duas vagas de cada curso, no período diurno, para o PEC-G, Programa de Estudantes-Convênio de Graduação, que oferece oportunidades de formação superior a cidadãos de países em desenvolvimento com os quais o Brasil mantém acordos educacionais e culturais.
Desenvolvido pelos ministérios das Relações Exteriores e da Educação, em parceria com universidades públicas - federais e estaduais - e particulares, o PEC-G seleciona estrangeiros, entre 18 e 25 anos, com ensino médio completo, para realizar estudos de graduação no país'.
Em retratação pública em relação à interpretação do ocorrido pelos alunos, o professor pediu desculpas. Sobre as denúncias, Cloves afirma que houve um mal entendido, sobre o qual pede desculpas ao estudante Nuhu Ayuba e aos colegas de classe.
'Jamais tive intenção discriminatória, de qualquer espécie, mesmo porque sou, como muitos brasileiros, descendente de africanos, inclusive a minha avó era de Alcântara/MA. Acredito no potencial de todos, e o que exijo como docente é que os estudantes tenham compromisso com o conteúdo da disciplina e com a participação e frequência às aulas', destacou Saraiva.
José Cloves Verde Saraiva, 57, é Professor Associado III, do Departamento de Matemática da UFMA desde março de 1980, após ser aprovado por Concurso Público. Nascido na capital maranhense, Saraiva é Doutor em Matemática pela Universidade de São Paulo.
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