sábado, 9 de abril de 2011

10 dicas para reconstruir a escola depois de uma tragédia


Como falar com uma criança sobre destruição e morte? Como explicar a devastação de cidades inteiras, causada por catástrofes naturais? Se abordar o tema já é difícil, imagine a missão de retomar a vida normal dentro do ambiente escolar depois de um acontecimento desses. É o que a população de Nova Friburgo, cidade destruída pelas enchentes ocorridas em janeiro deste ano, está tentando fazer. Na região serrana do Rio de Janeiro, 94 escolas municipais foram atingidas. Morreram 66 alunos. E a volta às aulas, claro, foi um momento delicado e doloroso para muitas crianças. Mas é preciso seguir adiante, e a escola tem um papel fundamental na superação dos traumas causados pela catástrofe. "A escola é um palco. A sociedade tem muitas expectativas e vê esse espaço como um apoio, um lugar para recomeçar sempre", afirma a pedagoga Maria Augusta Rossini, especialista em administração escolar em Ensino Fundamental.

Veja, a seguir, 10 maneiras de reconstruir a escola depois de uma tragédia - e como você pode ajudar neste processo.

Para ler, clique nos itens abaixo:
1. Sua participação é fundamental
Vá até a escola do seu filho e participe da vida escolar dele. Conversas entre família e escola podem dar mais confiança aos pais e alunos. Alguns sofreram diretamente com a tragédia e podem estar perdidos neste momento, precisando de apoio para superar o trauma. Dialogar com professores e orientadores ajuda os pais a colocarem dúvidas e medos para fora. E, assim, descobrirem a melhor forma de ajudar os filhos.
2. Abuse das artes
Pode ser por meio de desenhos ou até dramatizações. "Deixe que a criança coloque para fora em pecinhas de teatro o que está doendo dentro dela", afirma Maria Augusta Rossini. Desenhos também ajudam. E pode ser importante relacionar com o motivo da tragédia. No caso de Friburgo, o mais indicado seria o trabalho com argila. "Com esse material, as crianças podem mostrar o que presenciaram com todo o barro invadindo suas casas, colocar para fora todo sentimento de impotência", completa a pedagoga.
3. Motive as crianças
Em várias escolas de Nova Friburgo, estão espalhados cartazes com frases de superação, palavras como perseverança, luta e esperança coladas nas paredes do local. Isso serve para despertar o espírito de luta que toda pessoa tem. "Quando o ser humano não tem uma necessidade satisfeita, ele sai de uma acomodação e fica mais receptível aos estímulos externos. No caso de Friburgo, falta comida, abrigo, tudo. Eles têm que reagir mesmo", diz Maria Augusta Rossini.
4. Dê exemplo
Conte histórias de superação, como as da técnica de ginástica Georgette Vidor e do músico Herbert Vianna. Eles tinham sucesso, fama e dinheiro. E, de repente, um acidente tirou deles a capacidade de andar. Mas isso não os derrubou. Eles retomaram suas vidas, suas carreiras e hoje são felizes assim.

Para motivar pais e alunos pelo exemplo, um dos projetos da diretora da Escola Municipal Professor Messias de Moraes Teixeira, Arilda Soares, é oferecer palestras com os pioneiros no comércio de Friburgo. "Pessoas que construíram nossa cidade no passado para falar sobre começar do zero e mobilizar as pessoas para isso", disse ela.
5. Estimule a identificação
Assista com seu filho filmes como O Rei Leão, em que o protagonista perde o pai e supera essa dor, ou toque a música Lágrimas da Tempestade (composta por Marcos Vianna, que fala sobre o caso de Friburgo). Isso faz com que os pequenos se reconheçam nessas situações e tenham vontade de superar para alcançar seus objetivos.
6. Ajude seu filho a tirar ensinamentos da tragédia
No caso de Friburgo, a morte, a dor e o sofrimento foram inevitáveis. Mas é possível - e importante! - ajudar as crianças a sair mais fortes da tragédia, mostrando que ela suporta o sofrimento e que consegue dar a volta por cima. "Assim, a criança entende que coisas ruins acontecem, mas que com amor, ajuda e esperança, é possível reaprender a viver", diz Maria Augusta Rossini.
7. Dê carinho
O toque físico é importante para diminuir a dor da destruição. Fazer um carinho ou dar um abraço na criança vai fazer com que ela perceba que não faltará amor, aconchego e proteção para ela em casa ou no ambiente escolar.
8. Mantenha a esperança
De nada adianta tocar vários projetos e ter ideias interessantes se não houver esperança sempre. Se pais e professores entram em desespero, a criança se sente órfã e abandonada. Quem vai cuidar dela? É importante, então, manter a calma e transmitir segurança.
9. Estimule a união
A escola deve estar atenta aos alunos mais sensíveis e às diversas formas que eles têm de manifestar carência, dor e sofrimento. É preciso respeitar as individualidades e trabalhar em cima delas. Conversar sempre, não evitar falar do assunto. "Não deixe, por exemplo, que esse aluno mais sensível seja ridicularizado pelos outros. Ou que uma criança que está com medo de ir à escola acabe sendo prejudicada pelas faltas. É preciso analisar com carinho todos os casos", afirma Maria Augusta. Estimular o trabalho em equipe vai ajudar os amiguinhos a acolher os mais sensíveis, sem deboches e com afeto.
10. Tenha jogo de cintura

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